não se sabe muito sobre
Nicky Florentino mas sabe-se o suficiente, que não viveu, não vive e não tem intenção de viver de ourém, não é e não tem intenção de (ou motivo por que) ser homónimo de Sérgio Ribeiro e, se for, será conterrâneo dele apenas pelo facto de existir também na blogosfera, não pela partilha de qualquer chão ou terra com ele, porque tal
Nicky Florentino não existe, não tem intenção de existir e tem a consciência de não necessitar de existir em figura de gente. à cautela e para precisar, aproveito para referir - em mais uma repetição minha - que o que é assento meu ou afirmação minha no espaço público está associado à etiqueta Sérgio Faria (ou a alguma que sugira esta, como sf ou sfaria) e a nenhuma outra. não uso personagens (ou modo diferente) para assentar ou afirmar publicamente o que assento ou afirmo em nome próprio. este princípio é assim desde o princípio do
albergue dos danados e há muito tempo que manifestei e confiei a orientação decorrente de tal princípio a Sérgio Ribeiro, princípio e orientação que nunca foram segredo. desconheço o motivo por que n
este post ele revela ignorar tal facto e atribui à minha pessoa o assento de uma personagem de um blog de personagens más e que se pretendem más, blog em relação ao qual sou responsável mas nada mais do que isso.
outro fantasma, este com braços. afirmou Sérgio Ribeiro que não encontrou a justificação para a atribuição do nobel da paz deste ano até a ter encontrado no post referido de
Nicky Florentino. está bem e está mal. dois pontos sobre isto. um. em ourém - na china não sei, li que não -
a justificação está disponível e acessível desde o momento em que foi feito o anúncio público de tal prémio em oslo. no parágrafo inicial da declaração feita então está contida a parte fundamental da justificação. segundo o que está expresso aí - segue em tradução -, “o comité nobel norueguês crê há muito tempo que existe uma relação próxima entre os direitos humanos e a paz”. porquê? porque - continua em tradução - “tais direitos são um pré-requisito para a fraternidade entre as nações”. neste sentido
o nobel da paz deste ano foi atribuído a quem foi - ainda em tradução - “pelo seu combate longo e não violento em prol dos direitos humanos fundamentais na china”. independentemente do resultado da demanda de Sérgio Ribeiro, como é possível constatar a justificação existe em alcance fácil e em termos que não são inéditos. dois. pretende Sérgio Ribeiro que teria sido posto no post de
Nicky Florentino que “o laureado do prémio nobel da paz [deste ano] foi-o por estar «encarcerado por apelar às condições de liberdade dos chineses»”. falso. isto é um arranjo que não respeita o que está expresso em tal post. porque, sem distorcer e parafraseando Sérgio Ribeiro, o que
Nicky Florentino assentou foi que «o laureado com o prémio nobel da paz deste ano foi-o por apelar às condições de liberdade dos chineses». o «estar encarcerado» é - chinesice - uma consequência de «apelar às condições de liberdade dos chineses» ou, se se quiser em palavras de comité - embora não do comité central do pcp -, do «combate longo e não violento em prol dos direitos humanos fundamentais na china», motivo declarado da atribuição recente do nobel da paz a
刘晓波 ou, nome romanizado,
Liu Xiaobo.
adiante e passo trás. anda cá coisa, deixa ver, talvez não seja fantasma. merece atenção esta oração de Sérgio Ribeiro, «aquele chinês que está preso por razões chinesas», porque é um programa todo de desprezo pela liberdade de outrem, a que, se não falho a leitura, acresce a declaração de ignorância geral em relação às tais «razões chinesas» pelas quais «aquele chinês está preso». não sei se a malta só pode ter conhecimento das «razões chinesas» pelas quais «aquele chinês está preso» caso sejam noticiadas pelo
avante!. porque leio raramente o jornal oficial do pcp - e não domino mandarim -, o meu cérebro de marioneta toldado por uma conspiração muito bem urdida e operacionalizada por interesses gananciosos dispõe-me a admitir como fiável informação estampada em pasquins da entente burguesa, o que é um modo de a besta capitalista sublimar o efeito de exploração de que sou vítima. em vocabulário marxiano a este mal de que padeço - estupidez - chama-se alienação. e que conhecimento de tais «razões chinesas» podem ter os alienados e não bafejados pelo juízo puro e preclaro de quem pretende arrumar o mundo através da ditadura do proletariado? se a tradução não falha, «aquele chinês está preso» por causa de - seguem palavras anunciadas como oficiais, portanto camaradas - «
actividades de incitamento, como espalhar rumores e difamar o governo, destinadas à subversão do estado e ao derrube do sistema socialista nos próximos anos». traduzindo de chinês para português - admito que a tradução avalizada pelo pcp não seja tão liberal e tão infiel ao messianismo histórico da causa fraterna da casa -, «aquele chinês está preso» porque defende e afirma o princípio da liberdade para os chineses e mais umas tretas ou nugas que costumam estar associadas à democracia, conforme manifestado na
carta 08. como é óbvio, não obstante isto, não sei se é possível alguém admitir ou sentir que conhece as «razões chinesas» por que «aquele chinês está preso». não é de descartar a hipótese de suceder com tais «razões chinesas» o mesmo que, para Sérgio Ribeiro, sucedeu com a justificação do nobel da paz deste ano, não se encontram. porque o atordoamento provocado pela alienação é o que é - põe-nos a ver coisas que não existem, a não ver coisas que existem e raios assim -, cuidado e nunca fiando, o melhor é admitir a posição de Sérgio Ribeiro, que nada se sabe sobre o assunto. e Sanches pode dar mais uma volta de contentamento no túmulo, porque subsistem discípulos da instância irónica refinada que apregoou -
quod nihil scitur - ou mais ou menos isso.
ainda sobre o absurdo e o espectro da e naquela oração lavrada por Sérgio Ribeiro. em coerência o mesmíssimo discurso poderia ter sido produzido quando e em relação às vezes em que ele foi preso durante a noite longa do estado novo. porquê? porque Sérgio Ribeiro - «aquele português» - foi preso por «razões portuguesas», discutíveis, claro está, apenas quando a propaganda ou a censura do regime permitissem um conhecimento delas, de preferência através de declaração oficial das autoridades em exercício - a pide, por exemplo -, em papel selado, daquele azul com vinte e cinco linhas, para valer e não suscitar dúvidas, ainda que talvez não fosse de descurar a autenticação de tal declaração pelo notário de escala.
mais uma observação para sacudir fantasmas. ainda bem que Sérgio Ribeiro invocou o
estatuto do pcp para corrigir
Nicky Florentino na definição do pcp como vanguarda. porque merece atenção o n.º 2 do artigo 3.º de tal estatuto, que reza assim: “
o partido comunista português considera indissociáveis e complementares as suas tarefas nacionais e os seus deveres internacionalistas.
orienta os seus membros e a sua actividade no espírito do internacionalismo proletário, da cooperação entre os partidos comunistas e entre as forças revolucionárias e progressistas,
da solidariedade para com os trabalhadores dos outros países e
para com os povos em luta contra a exploração e
a opressão política, social e nacional, contra o imperialismo, o colonialismo e o neocolonialismo, o racismo, a xenofobia e o fascismo -
pela liberdade, a democracia, o progresso social, a independência nacional, a paz e o socialismo”. lendo a parte sublinhada - o sublinhado é da minha responsabilidade - e atendendo à declaração de motivos apresentada pelo comité nobel norueguês, que sentido faz a
nota do pcp sobre a atribuição do nobel da paz deste ano? faz o sentido que resulta dos significados que a idiossincrasia comunista concede a «luta contra a opressão política», «liberdade» e «democracia». significados que, não haja ilusões - ó famélicos da terra -, não são equivalentes aos das categorias decorrentes da experiência histórica da união dos alienados de todo o mundo, experiência e união degeneradas e infames que a revolução certa há-de resolver como deve ser, só tarda.
em suma, voltando à gravidade de ourém, resultaram do processo histórico e há actualmente condições de liberdade - materializadas em património a preservar, a estender a quem não o tem e a legar a quem há-de vir - que são demasiado o resultado de luta demorada, não terminada e com custos elevados em unidades de sangue para que sejam desconsideradas ou desprezadas. neste sentido a nota do pcp sobre a atribuição do nobel da paz deste ano é mais um exemplo, de um rol longo, da desconsideração e do desprezo em relação ao combate pela liberdade e ao sofrimento decorrente desse combate de quem não quer e não quer querer a ditadura que os comunistas assumem como imprescindível para alcançar uma sociedade «em que o desenvolvimento livre de cada um é a condição para o desenvolvimento livre de todos». se não achasse piada ao contorcionismo dos comunistas - Sérgio Ribeiro, um oureense, incluído -, que pretendem alcançar um mundo solto, solto completamente, por via da ditadura - é assim que ditam o catecismo antigo e os profetas pelos quais se orientam -, nada disto teria sido assente aqui. claro que alguém pode confundir o que uma personagem escreve com o que eu escrevo e, embalado, desconfiar «alguma má vontade, quiçá preconceito», da minha parte em relação ao pcp e tal. como a entendo, a liberdade serve também para isso, confusão e desconfiança. mas o que ensaiei aqui foi sobretudo a declaração da intenção de ser livre e que os outros também tenham a oportunidade de ser o que tenciono ser. inclusive na china. e todos. inclusive a pessoa que foi laureada com o nobel da paz este ano. recuso emprestar acordo ou força a quaisquer orientação, declaração ou acção que, seja por que motivo, critério ou sentido de ordem política for, admite ou propõe a redução ou a perda das condições fundamentais da liberdade de quem quer que seja. porque entendo que é já demasiado tarde para, mudando o que importa mudar - ainda no sentido da liberdade e da igualdade de oportunidades -, continuar a não respeitar-se cada pessoa do mundo e a liberdade dela.
o fantasma final. Nicky Florentino não aprova, não concorda e nada tem a declarar sobre o que escrevi aqui. ainda assim obrigou-me a escrever a frase anterior. é a liberdade que posso.